Taí uma das questões mais complicadas da cultura ocidental! Para se ter uma idéia, o Parlamento inglês passou dias debatendo o assunto em 1990, sem chegar a uma conclusão. O governo abrira espaço para a criação de emissoras de rádio não-estatais, com a exigência de que uma delas não fosse dedicada à música pop – e não faltou quem quisesse comprar o espaço para uma rádio de rock, motivando a discussão parlamentar. Na época, o jornal londrino The Times chegou a publicar uma carta dos cantores Robert Plant e Phil Collins alegando que as rádios pop limitavam sua programação às 40 canções de maior sucesso, o que estava longe de representar toda a variada produção de rock daquele país.
A distinção surgiu na década de 60, quando o rock passou a extrapolar o formato de canção com refrão, melodia grudenta e duração média de dois a três minutos – o que serviria, aliás, como uma boa definição de música pop, feita, de fato, para tocar no rádio, seja com ritmo agitado ou como balada romântica. Os Beatles foram os principais responsáveis para que o termo rock passasse a significar música jovem de maior valor artístico e relevância social que a canção popular (raiz óbvia do termo pop), supostamente descartável. Porém, os próprios Beatles continuam sendo até hoje a grande prova de que é possível ser rock e pop ao mesmo tempo.
O vocalista Bono, do U2, tem uma frase famosa sobre o assunto: "O pop diz que tudo está bem e o rock diz que não está, mas é possível mudar". Assim, ele contrapõe uma atitude autêntica e revolucionária (a dele, é claro) a outra, conformista e superficial. Mas um fã de bandas de rock pesado, como o Metallica, provavelmente acha que o U2 é pop demais para ele – comprovando que as duas categorias são totalmente flexíveis e subjetivas.
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